sábado, 14 de fevereiro de 2009

JUAZEIRO DO PADIM CIÇO

Era o início de 1980, Zeca irmão do Dr. João Almeida Rocha, organizou um passeio para visitar a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará e a Usina de Sobradinho na Bahia. Rapidamente a quantidade de pessoas interessadas foi suficiente para completar o número de poltronas do ônibus. No final, só homens compunham a caravana. Logo que o ônibus ganhou a estrada, o então vereador Rosalvo alardeou que estava levando uma lata de biscoito Maria cheia de galinha assada e farofa e que ninguém iria usufruir do seu almoço. Passada a euforia dos primeiros quilômetros as pessoas foram se acomodando nos seus lugares enquanto o ônibus ia singrando as estradas em direção ao Ceará. Daqui a pouco uma boa farofa e galinha começaram a correr pelos bancos e em silêncio todos iam provando e saboreando, mas devolvendo os ossos. Quando o dia amanheceu já estávamos longe de Lagarto. Na primeira parada Rosalvo resolveu dá uma bicada em seu almoço e só encontrou restos de galinha e farofa. Foi aquela confusão só apaziguada pelo paciente Zeca. O café da manhã foi em Salgueiro onde devoramos alguns quilos de cuscuz com ovos. Próximo ao meio-dia estávamos em Barbalha onde Zeca foi visitar os pais do Dr. Sérvulo – antigo médico que atuava em Lagarto – A partir de então a turma desandou na cachaça e a noite fizemos um enterro que desfilou pelas ruas do centro da cidade. Érico que era música da filarmônica tocava a marcha fúnebre acompanhado da charanga enquanto Ubiratan puxava o cortejo. Na manhã seguinte foi a vez de conhecer o balneário que ficava no alto de um serra onde o frio era intenso. Finalmente à tarde chegamos a Juazeiro do Norte. Depois da visitação ao túmulo do Padre Cícero e da visita ao monte onde está erigida sua estátua gigantesca, saímos para as compras de tudo que bugiganga aparecesse. Estátuas de gesso do “Padim Ciço”, folhetos de cordel, redes, bonecos de barro, rapadura, terços, e tudo mais. À noite viajamos com destino a Juazeiro da Bahia onde visitamos a Barragem de Sobradinho. Ali o cansaço da viajem já demonstrava que era chegada a hora de retornar.

O GALAXI QUE PEGOU FOGO

Essa história é do tempo de quando havia três autoridades na cidade: o juiz, o prefeito e o gerente do Banco do Brasil. Creio que foi entre 1968/69, quando tal fato aconteceu. Lembro que meu pai entrou em casa falando alto sobre um incêndio que estava ocorrendo na Praça Sílvio Romero. Imediatamente corri até o local e ainda pude vê o Galaxi do Sr. Ubirajara Barroso, gerente do Banco do Brasil queimando. O fogo atingia os fios da rede de alta-tensão trazendo grande perigo aos presentes. De nada adiantava jogar baldes de água e vez por outra pequenas explosões do carro faziam os curiosos correrem. Passado o susto os maiores clientes da agência se uniram para comprar e presentear o gerente com um novo carrão. Meu pai participou da coleta. Como o banco não permitia que seus funcionários recebessem presentes, a solução foi doar a sua esposa. Apesar da boa vontade dos clientes o dinheiro arrecadado não foi suficiente para a compra de um novo Galaxi, mesmo assim, o presente foi um Dodge Dart. Alguns dias depois para frustração dos clientes, o honesto gerente resolveu doar o carrão ao Asilo Santo Antônio para ser leiloado. Ubirajara, por sinal, é ainda uma lenda viva entre os mais antigos clientes do Banco.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ROUBARAM O BRONZE

Acho que foi em 1980, por muitos anos o monumento erigido pelo prefeito Dionísio Machado para homenagear seu desafeto político Acrízio Garcez, servia de banco em frente à igreja matriz. Muitos jovens lagartenses comentavam que aquilo era uma afronta ao bom senso uma vez que Acrízio fora um coronel perseguidor e violento. Um dia resolvemos traçar um plano para roubar a estatua de bronze, mas como o medo de ser descoberto era grande ficávamos adiando e no máximo fazíamos alguma pintura que era logo removida pelo jardineiro da praça. Não é que certo dia o monumento amanheceu sem a presença do velho coronel?! A fofoca na cidade foi grande, quem teria feito tal ato?Certamente foram os adversários políticos, comentavam. No corre-corre da turma ninguém assumiu tal ato de bravura. Passado algum tempo olha que a estatua foi abandonada na estrada que liga o Libório à Matinha. Anos atrás em conversa com um velho amigo, mas que não fazia parte da turma, confessou ter levado num saco o pesado bronze e teria escondido em um sítio de parentes, até que resolveu abandoná-lo na beira da estrada. Logo depois demoliram o tal monumento e erigiram outro no jardim da Maternidade Monsenhor Dalto, onde até hoje está o bronze do velho coronel. Taí uma coisa que até hoje eu não consigo compreender. Dionísio foi perseguido por Acrízio, se liga a um novo grupo político, derruba o antigo coronel, se torna prefeito, vice-governador e prefeito novamente e acaba por homenageá-lo.