sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A LIRA POPULAR

Meus sonhos de criança eram ser astronauta, ficar invisível e tocar na banda de música, mas minha mãe não permitia alegando que todo músico morria tuberculoso e mais ainda que o músico fosse o primeiro a chegar à festa e o último a sair e que só comia as sobras. Ainda muito pequeno eu saia com Elmo marchando atrás da lira. Quando se aproximava a festa da padroeira eu costumava ir até a regência assistir aos ensaios e desde cedo passei a conhecer cada dobrado interpretado: Silvio Romero, Batista de Melo, Quatro tenentes, Cisne Branco, entre tantos outros. Dia 31 de agosto os fogos de lágrimas explodiam por trás do cemitério e lá vinha a "furiosa". Seu Estênio tocava os pratos e me deixava acompanhá-lo sempre com um sorriso de satisfação. Primeiro a parada na casa paroquial e depois para a casa do padrinho ou madrinha da noite para trazer o ramo até a matriz. Já funcionário do Banco do Brasil solicitei alguns instrumentos de percussão para um projeto que eu desenvolvia no convento das irmãs Venerinis, mas para minha surpresa a Fundação do banco nos enviou uma doação de instrumentos e fardas para filarmônica, imediatamente procurei o senhor Naldinho, filho do saudoso maestro Temístocles Libório, que logo se interessou pelo presente, a lira foi renovada e hoje quando vejo o grande número de garotos que participam dela, me sinto gratificado por de alguma maneira ter contribuído.

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