segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A BALSA

Minha mãe era uma mulher dinâmica e nunca ficava sem ganhar algum dinheiro. Quando viaja estava sempre de olho nas vitrines ou em algo que poderia render uns bons trocados. Todos os anos ia a São Paulo, Rio de Janeiro e por aí a fora em busca de novidades. Sempre que meus pais viajavam faziam questão de levar quantos filhos fosse possível. Poucas vezes viajaram sozinhos, mas dessa vez eles foram ao Rio de Janeiro onde pretendiam adquirir um carro com mais espaço para o transporte da família e das compras. Hospedados em casa do meu tio Cazé, irmão do meu pai eles foram até um seu amigo que estava vendendo um carro americano que era uma maravilha. Naquela época a gasolina era barata e quanto maior e mais potente o motor o carro seria de interesse, foi só bater o olho no carro e o negócio foi fechado. Lembro quando meu pai chegou da viajem com um boné estilo português, minha mãe com um lenço na cabeça e o banco traseiro lotado de compras, buzinando e acelerando o motor na porta da casa alertando inclusive a vizinhança. Rapidamente não faltou engraçadinho para apelidar o carrão vermelho de a “Balsa” de Adalberto. Impala era seu modelo e passeávamos pelas ruas irregulares de Lagarto sob os olhares de inveja e gracejos. Algo curioso era que o velocímetro não media quilômetros, mas milhas e durante a viajem do Rio para Lagarto meu pai foi parado por um patrulheiro que o questionou: O senhor gosta de uma carreirinha não é? E meu pai todo inocente falou: seu guarda eu não passo de oitenta. Aí o policial entendeu o equívoco e orientou o afoito motorista que aliviou o pé e só chegou em casa três dias depois. Finalmente cansado de ouvir muitas gozações meu pai resolveu se livrar da balsa e o pior é que o comprador se esqueceu de efetuar o seu pagamento.

Um comentário:

Thiago Fonseca disse...

Balsa de "Seu adalberto" uheahueuhaehuueaueahuaehe


vovô sempre colocando o povo no estranhamento! Saudade dele!