segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A CADEIRA DO CHEFÃO

Seu Dionízio Machado era um velho político bastante respeitado, morava no antigo casarão amarelo na Praça Filomeno Hora onde meu pai costumava ir jogar gamão todas as tardes com os antigos correligionários da UDN, ou dividir uma partida de buraco com o velho caudilho. As pessoas o tratavam com grande respeito e reverência, jamais alguém se aventurava em sentar no seu lugar predileto. Aí começa nossa história. A cidade comemorava a vitória do Dr. João Almeida Rocha eleito prefeito municipal. A praça repleta de eleitores buscava uma melhor posição para receber o chope distribuído num caminhão. No meio da brincadeira começaram a distribuir penicos de plásticos para serem usados como canecas. Ganhei o meu e acabei encontrando um bom lugar encima dos barris. Lá para tantas como ainda não tinha por hábito a bebida, comecei a sentir os sintomas da embriaguez e fui parar no belo prato de farofa, arroz e carne distribuído nos fundos da casa do chefe político. Meio grogue, na primeira cadeira que encontrei vazia fui logo sentando. Por coincidência era a única vazia da sala e de balanço forrada de palhinha, depois de algumas boas balançadas acabei adormecendo nos braços do deus Baco. Ao final da tarde, meus irmãos por mim procuravam e nada de encontrar-me, finalmente entram na casa e me encontram num longo e profundo sono alcoólico. No meio do burburinho as pessoas gritavam e corriam para a porta da casa, nisso acordei e fui ver do que se tratava e não era mais que o meu pai tocando o acordeom da minha irmã e animando a festa. Pensei: estou salvo e caí na folia. Depois que os ânimos da festa foram cessando retornei para casa e tomei uma bela ducha para reanimar. Era a vitória do seu candidato e certamente meu pai não iria achar tão mau assim. Após algum tempo chega ele carregando o acordeom e falando da minha bebedeira, dizendo que as velhas irmãs fizeram de tudo para que eu saísse de sua cadeira enquanto seu Dionísio caía na risada. Certamente os puxa-sacos presentes depois do riso do velho coronel também acharam graça. Depois do comentário outras pessoas foram chegando e todos esqueceram do ocorrido.

Nenhum comentário: