Num certo dia qualquer eu estava na casa de Marcos Monteiro quando vi seu irmão Alceu colecionando alguns discos. Alice Cooper, Ozzi Osborne, Pink Floyd e por aí. Nesse tempo eu ainda não conhecia tantos roqueiros e foi através dele e depois de Gilson Menezes que me ensinou os primeiros acordes de violão que fiquei conhecendo o mundo do rock and roll. Alceu cantava e tocava muito bem. Era um cara despreocupado com a vida e vez em quando eu o encontrava sentado no meio fio da sua casa dedilhando o pinho. Daí veio o meu interesse em aprender música. Eu tinha 13 anos e já ganhava alguns trocados pintando placas de estradas, quando estava com dinheiro suficiente para comprar o instrumento, falei com minha mãe para que autorizasse a compra ela falou com um tom de desaprovação: fale com o seu pai. Esperei meu pai chegar de Tobias Barreto, onde trabalhava e ele falou: se você tem o dinheiro pode comprar. feliz da vida liguei para meu irmão Adherbal que morava em Salvador e mandei o dinheiro para que ele comprasse. Depois de alguns dias chegou meu primeiro violão. Não era dos melhores, mas era suficiente para começar, da marca Reis dos Violões, era todo preto com o tampo vermelho. No primeiro dia de aula cheguei em casa tocando “Chuá-chuá e cada macaco no seu galho”. Meu pai vendo minha dificuldade em afinar o instrumento me pediu e começou a dedilha-lo, fiquei surpreso pois não conhecia esse seu dom e ele foi lá no fundo do baú e trouxe uma fotografia sua de quando era fuzileiro naval tocando o instrumento. Estava explicado.
domingo, 28 de setembro de 2008
EXPLOSÃO NA SORVETERIA
Como era costume da turma, o jogo de bola no oitão da igreja corria solto até que explosões e rajadas de fogos de artifícios em grande volume foram ouvidas parecendo o ápice de uma importante festa - a sorveteria de seu Agnaldo ficava na esquina do segundo trecho da Rua Acrízio Garcez e a partir do mês de abril comercializava produtos pirotécnicos. Engraçado é que o que me trás mais recordações de lá não são os fogos mais o picolé de caldo-de-cana -, a fumaça preta logo se espalhou pelo quarteirão. Enquanto os adultos apareciam nas portas das casas, atordoados e buscando saber do que se tratava aquele barulho, a molecada corria ao local do incidente imaginando ser alguma disputa entre turmas. Quando chegamos o seu Agnaldo estava sendo retirado do local em estado de choque. Felizmente ninguém sofreu queimaduras, mas o coitado do comerciante teve que ser internado por alguns meses. Prejuízo mesmo sofreu a turma, afinal, nossos pais sempre se referiam a respeito do perigo dos fogos de artifícios, eu mesmo já sentira na pele, mas a sensação de ver a limalha queimando é indescritível. Os anos passaram e as tradições vêm sofrendo os reveses da modernidade e do bom senso.
sábado, 27 de setembro de 2008
O CINEMA DO PADRE
Quando Pe Mário chegou da Itália, imaginou encontrar onça e índios andando pelas ruas. Máquina fotográfica a tira-colo não perdia oportunidade de flagrar alguma coisa pitoresca. Algum tempo depois, durante a semana santa passou a fazer projeções dos seus achados no oitão da igreja. Milhares de pessoas traziam cadeiras e esperavam pela novidade. Olha eu ali, esse é fulano de tal, de repente um negrinho pelado subindo nu em um mamoeiro e todos caiam na risada. Fazendo seus comentários num megafone o jovem padre ia conquistando a comunidade. Enquanto a projeção se realizava as luzes da praça ficavam apagadas formando um imenso cinema ao ar livre.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
CAGARAM NO COPO
Eu ainda não tinha idade para freqüentar clubes e boates. Em Lagarto havia uma de nome Bandeira 2, de propriedade do funcionário do Banco do Brasil Rinaldo Santos, que era considerada de muito luxo para a cidade. Ficava no andar superior de um prédio localizado na praça da rodoviária. Vez em quando artistas famosos vinham se apresentar movimentando toda a sociedade lagartense. Era um desfile de pessoas bem trajadas e bonitas para o evento. Se eu não estiver enganado era o Cassino de Servilha que iria se apresentar naquela noite. Não sei dizer se foi antes ou depois da apresentação da grande banda e a bebida já alterava os ânimos de muitos jovens. Depois vieram as confusões até que alguém (No dia seguinte a festa toda a cidade já comentava o incidente) chega ao extremo de subir na mesa e defecar num copo de bebida. Era comum aos jovens “filhos de papai” demonstrarem sua falta de educação e arrogância, ou batendo nos rapazes mais pobres ou mesmo demonstrando estarem acima da lei realizarem todo tipo de irresponsabilidade. Contrariado com a humilhação sofrida Rinaldo resolveu fechar a boate. Como lembrança daquela casa noturna, tenho guardado um cartão de credencial para entrada da festa.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
NO BECO DE MIRENA
Antigamente a iniciação sexual dos garotos se fazia nos cabarés. Minha família era muito religiosa e jamais meus pais poderiam imaginar tal coisa para os filhos. Apesar disso nunca fomos santos mais também sempre evitávamos freqüentar lugares do tipo. Até jogar sinuca era proibido, entrar em bares nem pensar. Certa feita após sair de um baile na AAL, Bututim me chamou para tomar umas cervejas na casa de uma amiga e lá vamos nós. Primeiro paramos no final da Rua Mal. Deodoro e depois descemos o Beco de Mirena até uma casa onde funcionava uma boate popular. Somente uma luz vermelha iluminava aquele ambiente pouco amigável. Alguns santos colocados atrás da porta principal mal iluminados por tocos de velas. Eu sentia nojo de tudo, os copos que eu não podia ver a qualidade da limpeza, até a cerveja meio quente. Nisso chega umas das damas e chama Bututim até um quarto. Fiquei assustado ao me sentir sozinho naquele ambiente. Passado algum tempo chegou uma garota e começou a conversar comigo. Disse que era nova no ramo e que assim como eu nós podíamos nos ajudar. Ainda meio desconfiado fui cedendo aos seus encantos. Já sob o efeito da bebida nada mais tinha importância. No dia seguinte algo não estava funcionando bem para mim, passei o dia me cheirando e os amigos me perguntavam: o que você tem ? nada, nada, respondia. Era o cheiro do amor maldito que me impregnava.
BUTUTIM E O PARADA SEIS
Lagarto já possuía o Los Guaranis, mas um novo grupo musical começava a surgir, era o Parada Seis. Composto por Rinaldo Prata no baixo, Raimundo na guitarra, Geraldo na percussão e Bututim na bateria, eles ensaiavam no quartinho nos fundos da casa de seu Nicolau na rua Senhor do Bonfim. Meu irmão Adherbal era o técnico e empresário da banda. A aparelhagem era bastante precária, mas para época, as exigências eram quase nenhuma. Foi na primeira apresentação no salão da AAL que ousei convidar a primeira garota para dançar. Um e outro pisão ali outro aqui, até que a donzela foi me ensinando os primeiro passos de dançarino. Olha que nos anos setenta eu e meu amigo Manoel depois conhecido por Michael usando os confortáveis sapatos cavalo-de-aço muitas vezes mostramos nossas proezas como dançarinos de black music. Mas a história aqui é outra, Bututim se gabava de ser um grande baterista. Foi num baile realizado na AABB no prédio onde hoje funciona o Rotary Club que ele mostrou suas proezas. O salão repleto de dançarinos e a banda tocando os rocks da época. De repente a banda faz a mudança de uma música para outra e o desenvolto baterista toca a baqueta no prato com mais força que o de costume. O prato é lançado ao ar e voa sobre as cabeças dos animados dançarinos indo parar longe. Ninguém saiu ferido mas até hoje Bututim garante que a história não é verdadeira. Realmente não posso afirmar pois não estava lá, mas que é verdade isso muita gente afirma.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
CADÊ OS DOIDOS ?
A PIPOCA DE SEU MENINO
PS: O velho pipoqueiro partiu e agora anda pelo céu fazendo pipoca para os anjinhos
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
UM CIGARRINHO PREU FUMAR ?!
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