Eu não sei por que as cidades tendem a crescer! No tempo que eu era garoto, Lagarto possuía uma leva de doidos de dá inveja a qualquer hospício. Maria do Céu ou das flores era uma jovem que vivia vestida de noiva e vez em quando aparecia pelas ruas carregando um buquê, dizem que ela ficou maluca por ter sido abandonada no altar. Poloxia era mais bêbada do que doida e vivia dizendo palavrões pelas ruas. Zé do Egito era o intelectual, vestia um terno surrado, falava manso e andava com um maço de papeis velhos debaixo do braço pregando a bíblia. Tinha o doidinho de Paripiranga que tocava um tarol rua baixo rua acima e sempre de costas, mas na semana santa se vestia de Jesus Cristo, colocava uma cruz nas costa e saia arrastando pela cidade. Certa vez inclusive, ali em frente ao Hotel Palace (atual Centro Comercial José Augusto Vieira) assisti ele pregar: quarta estação Jesus cai... E lá vai o doido pro esgoto, acabando por rachar a cabeça e sair todo ensanguentado. Cú-de-chita era outro mais bêbado que doido, Olímpio era violento e gostava de jogar pedras na garotada. Já Marinheiro era doido mesmo. E tem gente que diz que o progresso e que endoida as pessoas, pode?
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