domingo, 2 de novembro de 2008

A BANDA DO SALETE

Quando estava iniciando a sétima série no Laudelino Freire tive um sério problema com o professor de OSPB, Sargento Farias que injustamente achou que eu tinha agredido uma garota. Procurei meus pais que conhecendo o meu comportamento ficaram do meu lado quando eu afirmei que não estudaria mais naquele colégio. Padre Mário apesar de não concordar comigo me pediu para que eu não saísse, mesmo assim preferi ir estudar em Aracaju. Quando Dona Anselma Montalvão soube do que se passara comigo solicitou a minha mãe que eu fosse matriculado no Salete. Ali encontrei a amizade e compreensão de uma pessoa que Lagarto não soube preservar. Quando se aproximava o mês de setembro do Anselma me pediu para organizar uma pequena banda marcial. Juntamente com seu esposo Fernando, começamos a vasculhar o sótão do colégio em busca de instrumentos deixado por Enio Motta quando ainda era proprietário daquele colégio. Conseguimos alguns instrumentos de fanfarra e uma corneta. Nesse período comecei a ensinar a garotado os princípios da música. Dona Anselma a cada dia se interessava mais pelo sucesso da banda e no dia sete de setembro debaixo de muita chuva a banda marcial do Salete chamou a atenção do público. No ano seguinte a equipe já estava mais preparada e agora com a presença de Marcos Monteiro, Adonias Libório, Epitácio, Fernandinho Montalvão e tantos outros. Começamos então uma verdadeira revolução musical na cidade. Novos toques, fardamento bem desenhado, chapéus bem trabalhados, introduzimos garotas portando flâmulas entre os músicos e fazendo evoluções. A banda passou a ser esperada no desfile e desbancando a tradicional fanfarra do Laudelino Freire. Finalmente fomos convidados a participar do primeiro concurso de fanfarras em Aracaju. Foram três representantes de Lagarto, O Salete, Laudelino freire e Silvio Romero. Quando O Salete perfilado na Praça Camerino viu chegar a banda do Atheneu todo garbosa tremeu na base. O maestro da banda adversária como que quisesse amedrontar os interioranos mandou executar um dobrado. Nisso Paulo chagas que já era nosso maestro não titubeou e gritou "vamos dá um esquento". Quando a banda do Salete além de bela muito afinada puxou o toque só víamos os músicos das outras bandas concorrentes correrem para nos assistir. Descemos a Rua Pacatuba na contra mão até o palácio do governo na Praça Fausto Cardoso onde estava armado o palanque com os jurados. Não deu pra ninguém, chegamos evoluindo e já quase gritando vitória. Poucas horas depois que as bandas de todo o estado se apresentaram foi anunciado o resultado. Salete em primeiro, Atheneu em segundo e Laudelino freire em terceiro. Foi uma explosão de alegria e choro. Corri para avisar seu Fernando que não teve coragem de viajar para acompanhar a competição e quando chegamos à madrugada lagartense fomos recebidos por ele, alunos e professores do Salete numa grande festa. Acho que foram os anos mais felizes de minha vida estudantil.

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