sábado, 29 de novembro de 2008

UM SONHO REALIZADO

Das muitas decepções que passamos na vida acredito ter sido essa a que mais senti na pele. Em 1977 fui estudar em Aracaju e logo me integrei à primeira turma de alunos do curso de cinema do Colégio Estadual Atenheu Sergipense. Era professor Djaldino Mota Moreno, grande incentivador do cinema sergipano. Começamos com um grupo de 16 alunos e no final a equipe ficou formada por apenas seis. Produzimos muitos documentários sobre a cultura sergipana. Finalmente meu roteiro para o filme Carro de Bois foi aprovado e busquei em Lagarto alguém que possuísse um carro de qualidade. Foi na fazenda do seu Izaac da Cassuba no povoado Olhos D’água onde encontrei o ambiente propício para as filmagens. Fiquei responsável pela direção, roteiro e trilha sonora. José Oliveira Junior contra regra e layout, Evandro Curvelo contra-regra e Marcelo Deda operador de câmera. No início das filmagens tudo parecia estar dando errado a começar pelos rolos de filmes negativos que trouxemos trocados por ter a sensibilidade mais alta. A filmagem realizada em meio ao verão muito forte iria trazer problemas para a qualidade da fixação da imagem na película. Como tínhamos apenas aquele dia para filmar arrisquei tudo colocando vários tipos de filtros na lente da câmera, se o resultado não fosse bom eu substituiria o material. Quando em fim os rolos de filmes chegaram o professor Djaldino convocou a equipe e de uma maneira um tanto estranha. Pensei que uma grande bronca viria pela frente, mas para nossa surpresa ele foi logo perguntando o que tínhamos feito. A imagem capturada era de um colorido deslumbrante e quase todo o material foi aproveitado. O filme participou de todos os festivais de cinema do Brasil e somente no festival de Penedo não foi premiado. Ganhei em 1978 o premio de melhor filme sergipano e em 1984 o melhor filme até então realizado em Sergipe. No dia seguinte ao festival desembarquei em Lagarto trazendo o troféu e para minha surpresa ninguém sabia. Falei com as pessoas sobre meu sucesso e ninguém acreditou. Somente alguns dias depois quando os jornais estampavam meu feito‚ que acreditaram. Já era tarde.

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