segunda-feira, 28 de julho de 2008

CAVACO CHINÊS, QUEBRA-QUEIXO E PIRULITO

Geralmente era no fim da tarde. O homem carregando uma lata de bolacha Maria nas costas e tocando triângulo. Era ficar esperando de onde viria o vendedor ambulante. De repente surgia em alguma esquina e todos corriam para comprar cavaco chinês. Era um biscoito em forma de charuto e com aspecto da hoje conhecida casquinha de sorvete. O produto adocicado e sequinho tinha um sabor agradável e dissolvia na boca. Já o Homem do Quebra Queixo se apresentava com uma bandeja de flandres tocando o realejo e cantando: Ói o quebra queixo da Bahia, perna de velha arranhenta, perna de moça macia. A cocada com o coco tostado e no ponto quando agarrava nos dentes era difícil descolar, daí o nome. O vendedor de pirulito andava com uma tábua presa numa vara e cheia de pirulitos enfiados em buracos perfurados na madeira. Os pirulitos tinham a forma de cone e eram feitos de mel e açúcar, sua freqüência era menor que a dos outros vendedores. Com o tempo apareceram os carrinhos de flal e gut-gut isso já no tempo das essências químicas. Daí por diante os produtos naturais foram perdendo a graça.

terça-feira, 22 de julho de 2008

SONHO DE CINEASTA

Dlumesde pequeno sou apaixonado pela sétima arte, hoje as crianças não conhecem os cineminha de lâmpada de mercúrio, mas naquela época todos queriam ter um. Anselmo de João Briba tinha um feito de caixa de papelão e tiras de gibis, mas esse tipo não era o que eu sonhava, faltava a imagem projetada e poder ver nossos heróis e bandidos. Enfim, conheci certa vez um garoto mais velho que eu e morava na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Ladeira do Rosário e seu pai era dono de uma bodega naquele local. Ele me chamou para conhecer seu projetor, fiquei encantado, tinha até fita de mulher nua, cowboys, Canal 100 e figurinhas Plic-Ploc que vinham no papel do chiclete e como o papel era semi-transparente conseguia ser projetado com alguma qualidade. Como eu não tinha dinheiro suficiente para adquirir o desejado projetor, acabei até revendendo garrafas, mas o capital era pouco, pois toda vez que eu conseguia o suficiente o esperto garoto dizia que tinha conseguido mais filmes e estava mais caro. Desolado pensei em desistir do projeto até que certo dia ao passar pelo cinema encontrei alguns pedaços de fita e então passei a projetar o meu próprio aparelho. Procurei entre os familiares velhas lentes de óculos que não lhes serviam mais. Consegui com seu Detinho da Radiofon uma lâmpada de mercúrio enorme - ele era o chefe da manutenção elétrica do município e sempre ficava com uma velha caminhonete pick-up verde em frente a sua casa onde guardava as lâmpadas retiradas dos postes. Fui até a marcenaria de seu Bebeto próximo à igreja Presbiteriana onde ganhei algumas sobras de madeira e compensado. Eu possuía um conjunto de ferramentas presenteado por meu pai e que era compostos de vários serrotes e formões. Caprichei na montagem e finalmente meu cineminha estava pronto. Para saberem como era feito o aparelho aqui vai a dica: Um retângulo de madeira com uma tábua no fundo, alguns furos na parte de trás para dissipar o calor, um furo retangular do tamanho de um frame de cinema para passagem da luz, uma lâmpada forte para clarear bem - quanto mais luz melhor a projeção - uma lâmpada de mercúrio sem a parte de alumínio e o miolo para colocação de água e se tornar uma lente de aumento e mais uma lente de óculos com grau forte para fazer as correções na projeção. Está pronto o cineminha. A partir desse dia comecei a vasculhar o lixo do cine Glória pulando pelo muro da Vila Meire e sempre conseguia alguns pedaços de fita. Às vezes durante a projeção de filmes a fita quebrava para minha alegria. Passei enfim a freqüentar a porta da sala do projetor e sempre que ele se distraia eu conseguia mais alguns pedaços. Claro que aquele pequeno roubo não traria prejuízo para ninguém, mas para mim era o material que faltava. Com o tempo já possuía um grande acervo de frames. Os que eu mais gostava eram do filme Quando as Mulheres Tinham Rabo, além deles eu possuía muitos cartazes feitos de recortes de jornais, principalmente do A TARDE da Bahia.. Algum tempo depois, meu irmão Deodoro ganhou um toca fita Philipps que eu usava para sonorizar as projeções. Como a molecada não lia bem eu fazia a dublagem. As projeções ocorriam sempre na cozinha da minha casa, mas às vezes levava o aparelho para casa de amigos. O nome do cineminha era Cine Plaza. Quando enfim veio a maturidade guardei as caixas com milhares de frames e o já velho cineminha. Alguns anos depois já morando em Paripiranga lembrei do brinquedo e fui procura-lo no velho salão da casa dos meus pais. Para minha tristeza só havia de remanescente uma velha lata de filmes cheia de retalhos do Canal 100. Desiludido, ali mesmo deixei-a e nunca mais procurei saber do seu destino.

O CIRCO PEGOU FOGO

A Televisão ainda era coisa de poucos abastados, mas isso não era problema para a garotada matar o tempo e estimular a criatividade. Novos meninos tinham chegado à cidade. Eram os filhos de seus Netinho do bar, Edilton Anselmo e Junior. Vindos de Salvador possuíam hábitos bastante diferentes dos nossos, chamavam "arraia" de "pipa" e sabiam fazer um tipo só com papel que lhes davam o nome de periquito. De logo fizemos amizade e resolvemos certo dia organizar um circo nos fundos da minha casa. Na parte superior existia um grande compartimento o qual chamávamos de salão e que servia para guardar móveis velhos e outros “bregueços”. Era um ótimo lugar para explorar a imaginação juvenil. Organizamos as roupas e colocamos num armário que servia para guardar os moldes de desenhos utilizados por minha mãe para confeccionar lençóis e toalhas. Até aquela época eu nunca tinha visto sungas de nylon. Para tomar banho nos rios era com calção de algodão mesmo. Naquele dia ia acontecer um grande jogo entre o lagartense e o time de Itabaiana. Não podíamos faltar afinal às partidas sempre acabavam em briga das torcidas e, assistir é muito melhor que ouvir falar. O campo ficava onde hoje é o Colégio Laudelino Freire. Mas a nossa torcida acabou cedo. Lembro que em pleno jogo alguém nos avisou que o circo tinha pegado fogo. Saímos correndo e quando chegamos a casa as chamas já haviam sido controladas. Nanam comentava que Epitácio, meu irmão mais novo, tinha ateado fogo no armário e avisado que estava um "fogão". Concluindo a história, o circo terminou ali mesmo e a sunga de Edilton derreteu-se em meio às chamas. Quanto ao jogo foi um Deus nos acuda, o lagartense perdeu e os torcedores quebraram os ônibus da torcida adversária. A avenida contorno estava sendo calçada e o que não faltou foi paralepípedo para encher o transporte dos “ceboleiros”. Desolados ainda acompanhamos meu irmão Adherbal contar em detalhes o desfecho da confusão no estádio. Quanto ao resultado da partida? Acho que naquele instante era o que menos importava.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

500 VISITAS

Neste dia em que derrubamos os muros da Bastilha estamos comemorando mais de 500 visitas. Obrigado a todos que se divertem com minha crônicas. Só faltam os comentários. Obrigado !

domingo, 13 de julho de 2008

TETÊ

Era uma velhinha miudinha que andava sempre de preto com um manto cobrindo o rosto e um guarda-chuva debaixo do braço. Todas as noites quando a cidade começava a se acalmar saia ela de sua residência a Rua Cel. Souza Freire. Parava em frente a igreja, se ajoelhava e rezava, depois seguia em direção ao cemitério. A molecada tinha um medo danado da velhinha, mas ela nenhum mal fazia. Quando a meninada dela se aproximava querendo saber como era seu rosto falava palavras incompreensíveis e seguia em frente. Na verdade não sabíamos o por quê daquele hábito soturno, mas era quase como um relógio anunciando que à hora de ir dormir estava próxima, algumas vezes a turma acompanhava de longe para ver o que a velha ia fazer, mas como sempre seu Jessé o coveiro do cemitério, deixava a porta aberta para seu acesso. Dizem que ela ia tão somente fazer suas orações para os parentes já falecidos. Lembro que certa vez Tonho de Lia que instalava antenas de televisão comentou que enquanto colocava uma na casa de uma vizinha da velha, ouviu Tetê conversando com os espíritos. Como era costumeiro faltar energia as noites, certa feita resolvi modelar uma caveira usando um mamão verde e colocando dentro uma vela acesa. Para minha sorte naquela mesma noite a luz foi embora cedo. Quase em frente a minha casa ficava uma das fontes da praça e nela havia uma pedra de cimento redonda. Foi ali mesmo que eu coloquei o meu artefato. As pessoas passavam vindo da missa e se benziam ou diziam coisas do tipo: cruz credo e “vije” Maria. Naquele tempo o jardim da praça ficava sempre bem cuidado e florido. E lá vem Tetê. Chegando perto da fonte para colher algumas flores para levar ao cemitério, finalmente avista a caveira e sai proferindo suas palavras incompreensíveis. Minha mãe vendo o mal feito foi logo me chamando e passando aquele corretivo e eu, sem poder argumentar que a intenção não era assustar a pobre velha. Taí mais uma figura folclórica da antiga Lagarto e que por muito tempo povoou o imaginário da garotada que brincava na Praça da Piedade.

A PROCISSÃO DOS HOMENS

Ainda hoje é uma tradição da semana santa em Lagarto, mas falta o respeito e a compenetração de outrora, quando todos seguiam acompanhando a imagem do Cristo flagelado. Só os homens podiam participar da procissão que representava a entrega de Jesus para o sacrifício da páscoa. A maioria portava lanterna de mão e sob o som da matraca seguia até o cemitério e depois pelas principais ruas da cidade até o retorno a igreja matriz. A ladainha puxada pelos tenores era entoada de volta pela multidão que na maioria das vezes não entedia o nome do santo, que era cantado em latim. Como em nossa querida cidade há sempre um grupo de "artistas", no meio do canto alguma voz fora do ritmo cantava: "Santo Paulinho de Bebeto orai pro nobis". E assim, entre um riso envergonhado e outro a procissão chegava ao seu destino. A partir daí era hora dos adultos entrarem na igreja para o canto do Senhor Deus, enquanto a molecada ficava queimando as lanternas na praça. Nos últimos anos esse evento tem decaído principalmente pela ausência dos cantores tradicionais e quem sabe será mais uma tradição que deixará de existir. Ora pro nobis.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

HISTÓRIAS PARA ASSOMBRAR

Elmo era a pessoa mística da turma, vivia falando de assombração, sendo o mais forte, com seu andar desengonçado, os ombros desproporcionais e a cabeça grande arredondada mais parecia uma mistura do corcunda de Notre Dame com o Frankstein. Lembro que naquela época ainda existia a calçada do fundo da igreja e era lá que as brincadeiras noturnas terminavam. Toda sexta-feira lá vinha ele com o rádio de pilha herdado do pai, que o carregava quando fora assassinado. Não sei bem ao certo qual a emissora, mas parece-me que era na Liberdade onde às onze horas da noite era transmitido o programa de histórias de terror, a garotada se reunia para ouvi-las. O silêncio da velha Lagarto ainda era presente e quando as histórias iam se desenrolando e o pavor tomando conta de todos, algum engraçadinho dava uma risada e falava que aquilo tudo era besteira, mas Elmo sempre afirmava ser verdade. Terminada a história e a Praça da Piedade já estava quase vazia e todos pretendendo voltar para suas casas, não conseguiam dar o primeiro passo, Elmo morava em frente à casa do finado Acrízio Garcez e se fazia de corajoso dizendo que já era hora de ir para casa. Eu morava na Praça da Piedade e era obrigado mesmo sem querer a olhar para as vidraças da igreja onde diziam aparecer os cavalinhos assombrados. Adonias morava na Mizael Mendonça e os outros se espalhavam pela vizinhança. Minha mãe sempre me salvava. Como era costume da família sentar em cadeiras na calçada da porta, quando os adultos se recolhiam e ela sentia falta de algum dos filhos, voltava para a calçada e nos chamava. Então, suspirando aliviado eu saía correndo em direção a casa dizendo ser os amigos uns molengas. Mas quando as histórias se transformavam em filmes na minha mente infanto-juvenil não conseguia dormir, e mais pavoroso ainda era ouvir as doze badaladas noturnas do sino da igreja e a voz de Elmo dizendo: é tudo verdade. As luzes da praça penetravam entre as cortinas finas do quarto trazendo a insônia e as lembranças das assombrações, vampiros e monstros. Finalmente o sono vencia o cansaço.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A FESTA DE SETEMBRO

As novenas começavam no último dia de agosto o que conheci dia com o ultimo dia de vaquejada. No primeiro fim de semana da festa muitos turistas viam de longe para ver os vaqueiros derrubarem o boi. Lagarto fervia de alegria. Terminada a vaquejada começava a exposição agropecuária. Nas ruas o som das bandas marciais ensaiando para o desfile do dia sete. As lojas repletas de clientes em busca de roupas novas para bem se apresentarem nos dias de festas. Todas as noites a Praça da Piedade repleta de fieis, jovens namoradores e crianças correndo atrás da filarmônica. Os bailes da AAL e da AABB eram ansiosamente esperados pela sociedade local. E finalmente o ápice da festa: a procissão de Nossa Senhora da Piedade. Durante muitos anos minha mãe fazia o andor da imagem que desfilava pelas ruas da cidade. As famílias durante a semana limpavam as casas faziam a pintura das fachadas à espera dos parentes que logo chegariam ao final de semana. Era uma oportunidade única para juntar a todos. Na Praça da Piedade onde morávamos, quando chegava o sábado a expectativa das famílias era grande e vez por outra um carro apontava vindo da Rua Lupicínio Barros anunciava a chegada de alguém que vinha de longe. E todos corriam para receber os visitantes. Parentes, amigos e curiosos. Essa era a Lagarto que eu vivi.

OS DOCES DE DONA SIDÔNIA

Era uma velha miudinha e rabugenta que morava na rua do Fogo (atual Senhor do Bonfim). Vivia do fabrico de doces. Suas cocadas eram deliciosas. Balas pirulitos, bolachinhas, tudo o que pensar em termos de guloseimas caseiras. Quando chegava o horário do recreio muitos garotos fugiam dos colégios para irem comprar e roubar a velha doceira. Quando ela se sentia lesada se danava e expulsava a molecada. Havia também outras doceiras famosas que expunham seus produtos na rua D. Pedro II. Hoje em dia os carrinhos de balas espalhados pela cidade vendem apenas os doces industrializados que competem em larga vantagem com os caseiros e assim mais uma atividade típica da cidade foi desaparecendo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

ESTA NOITE LEVAREI O TEU CADAVER

O quintal da minha casa era enorme, antes do meu pai ampliar a residência, servia de campo de futebol, estradas de rodagem, fazendas, e no inverno o velho fazia plantação de milho e fava. Naquelas férias resolvemos fazer mais um circo, pegamos algumas cortinas velhas, e sobras de madeiras de construção para montar a arquibancada. Havia uma pilha de tijolos onde deveria ser construído o palco e lá vamos nós fazermos a retirada. Como tudo se transformava em brincadeira, eu jogava os tijolos para Quinho (Marcos) e ele por sua vez repassava para Carlinhos seu irmão. Como o trabalho ia lento, Carlinhos gritou para acelerarmos e jogarmos mais rápido, Só sei que enquanto ele colocava um tijolo na nova pilha eu já repassara o próximo para Quinho e quando se virou recebeu uma tijolada na testa, claro que acabou em briga. À noite a molecada já sabia do circo e se aglomerava na rua do fogo onde seria a entrada. Enquanto eu me aventurava no balanço minha irmã Marielza abriu a janela do seu quarto e gritou: "Fói você cai", o meu susto foi tal que acabei no chão, e tome vaia. A próxima atração seria a rumbeira, Era Anginha, uma garotinha magra que morava na travessa municipal e sempre fazia parte das nossas festas. Enquanto ela se trocava os mais velhos tomavam guarda e os mais novos não podiam se aproximar - eu era um deles -. Agora era a vez de apresentar o homem mais forte do universo. Elmo vestido de Sansão quebrava as argolas e destruir o templo feito de caixas de papelão. Finalmente para encerrar era encenada a peça de terror, claro que Elmo era o vampiro que acordava do seu túmulo em busca de sangue! Kennedy era o guarda noturno que o vampiro matava. Elmo gostava de usar um par de velhos coturnos que segundo ele, fora herdado do pai. Enquanto a cena se desenrolava sob o olhar assustado da platéia Elmo usando uma capa preta que cobria o rosto pisa em cheio sobre Kennedy e ele não suportando dá um grito de dor. Todos se desmancham em gargalhadas e começa a bagunça. Para terminar a noitada Nanam chega para acabar com a festa e expulsar a molecada. No dia seguinte foi a vez de desmontar o picadeiro.

JOGO DE BOLA NA TROVOADA

H velho reloje em dia não existem mais aquelas trovoadas que duravam três dias e mudava completamente a rotina das pessoas. Os seus efeitos eram sentidos muito antes. Depois de vários dias de intenso calor, a cidade ficava malevolente com pouco movimento nas ruas e vez outra uma forte rajada de vento balançava o pé de eucalipto que ficava na pracinha ao lado da Matriz, espalhando folhas por todo lado. O velho relógio com uma badalada seca avisava a passagem do meio dia e o sol já havia se escondido fazia algum tempo. Enquanto isso os redemoinhos brincavam e varriam o largo da praça. Finalmente ela chega: relâmpagos e trovões atingindo o oitão da igreja e distribuindo ruídos potentes. Os raios brilhando nas grandes vidraças e logo depois o aguaceiro desabando sobre a cidade. Foi numa dessas demonstrações de força da natureza que resolvemos brincar sob a chuva. Naquele tempo as pessoas temiam a trovoada como algo místico, os espelhos das casas eram cobertos com lençóis e algumas chegavam ao extremo de se esconderem embaixo da mesa da cozinha em busca de proteção. Meu pai tinha nos presenteados com uma bola dente-de-leite e aquele turbilhão caindo do céu e as ruas alagadas dariam um grande jogo de bola. Em frente à casa de Ribeirinho sempre formava uma grande poça devido à boca de lobo ser pequena e sempre entupia com as folhas mortas e papeis trazidos pela chuva. Ainda estávamos na porta de casa quando meu pai nos mandou entrar. Ficamos na varanda esperando uma oportunidade para escapulirmos, enquanto os relâmpagos cruzavam os céus. Joga bola pra lá, alguém pisava mais forte numa poça e tome água e lama. Às vezes o relâmpago parecia passar bem próximo da gente. O sino da igreja tocava marcando as horas e a chuva não dava trégua. Quanto mais estávamos encharcados mais a brincadeira ficava interessante. Finalmente meu pai sentindo a nossa falta, resolveu tomar a bola acabando de vez aquela perigosa e maravilhosa brincadeira.