terça-feira, 1 de julho de 2008

ESTA NOITE LEVAREI O TEU CADAVER

O quintal da minha casa era enorme, antes do meu pai ampliar a residência, servia de campo de futebol, estradas de rodagem, fazendas, e no inverno o velho fazia plantação de milho e fava. Naquelas férias resolvemos fazer mais um circo, pegamos algumas cortinas velhas, e sobras de madeiras de construção para montar a arquibancada. Havia uma pilha de tijolos onde deveria ser construído o palco e lá vamos nós fazermos a retirada. Como tudo se transformava em brincadeira, eu jogava os tijolos para Quinho (Marcos) e ele por sua vez repassava para Carlinhos seu irmão. Como o trabalho ia lento, Carlinhos gritou para acelerarmos e jogarmos mais rápido, Só sei que enquanto ele colocava um tijolo na nova pilha eu já repassara o próximo para Quinho e quando se virou recebeu uma tijolada na testa, claro que acabou em briga. À noite a molecada já sabia do circo e se aglomerava na rua do fogo onde seria a entrada. Enquanto eu me aventurava no balanço minha irmã Marielza abriu a janela do seu quarto e gritou: "Fói você cai", o meu susto foi tal que acabei no chão, e tome vaia. A próxima atração seria a rumbeira, Era Anginha, uma garotinha magra que morava na travessa municipal e sempre fazia parte das nossas festas. Enquanto ela se trocava os mais velhos tomavam guarda e os mais novos não podiam se aproximar - eu era um deles -. Agora era a vez de apresentar o homem mais forte do universo. Elmo vestido de Sansão quebrava as argolas e destruir o templo feito de caixas de papelão. Finalmente para encerrar era encenada a peça de terror, claro que Elmo era o vampiro que acordava do seu túmulo em busca de sangue! Kennedy era o guarda noturno que o vampiro matava. Elmo gostava de usar um par de velhos coturnos que segundo ele, fora herdado do pai. Enquanto a cena se desenrolava sob o olhar assustado da platéia Elmo usando uma capa preta que cobria o rosto pisa em cheio sobre Kennedy e ele não suportando dá um grito de dor. Todos se desmancham em gargalhadas e começa a bagunça. Para terminar a noitada Nanam chega para acabar com a festa e expulsar a molecada. No dia seguinte foi a vez de desmontar o picadeiro.

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