sábado, 12 de abril de 2008

O BAÚ DAS LEMBRANÇAS

Quando eu estava iniciando esse descomprometido trabalho de vasculhar o baú das minhas memórias juvenil, tentei voltar a mais tenra lembrança que possuía. Dizem os estudiosos que quando vamos envelhecendo começamos a lembrar mais das coisas da juventude que da atualidade. Entretanto, foi difícil achar essa passagem quase apagada da minha memória. Um pedacinho daqui, outro dali e como uma névoa se dissipando fui vendo na minha mente o passado voltando. Qual seria ela? E pincelando ali e aqui cheguei à conclusão que foi no início de 1964, Não seria ela a primeira, porém a mais significativa. Pela manhã daquele dia brincávamos em frente da nossa casa. Eis que surge na praça vindo da Rua Lupicínio Barros um jeep e um caminhão do exército com muitos soldados vestidos para a guerra e diante da prefeitura descem nervosos e falam alto. Nesse momento minhas lembranças voltam para minha mãe nos levando apressados para a casa da minha avó que ficava na Rua Acrísio Garcez. Ficamos por lá até o dia seguinte sem que nossa inocência pudesse imaginar o que se passava com o país naquele instante. Claro que somente muitos anos depois pude entender do que se tratava. E mais ainda, quanto ódio senti ao ganhar consciência daqueles fatos e quando desfilei no dia sete de setembro com uma bandeirola na mão cantando: “Este é um país que vai pra frente” ". Felizmente o povo brasileiro depois de três décadas pôde se livrar do fantasma da ditadura, mas isso é outra história.

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