quinta-feira, 17 de abril de 2008

O SABOR DA AMOROSA

Quando eu era garoto tomar refrigerante era coisa de dia de festa, mas às vezes eu ia com meu primo Santo na fábrica de bebida de seu Zé Preá que ficava na Rua da Jaqueira e podia tomar guaraná à vontade. Mas havia uma bebida que eu adorava: todas as segundas-feiras eu acompanhava Nanam até o mercado com o intuito de ganhar alguns bois de barro e passar na barraca de seu João Briba para tomar um copo de “amorosa”. A bebida era também conhecida por gengibirra e dizem que era feita a base de gengibre. Eu lembro bem que o saboroso produto ficava numa barrica de madeira, o líquido era rosado e possuía uma espessa espuma branca. Não consigo mais lembrar seu sabor, mas era bastante saborosa, afinal, ainda hoje lembro do seu formato. Hoje em dia a criançada quando pensa em um doce vêm logo à lembrança os produtos sintéticos que tanto apelo visual possui. Mas antigamente as opções eram poucas. O pirulito de mel que era enrolado no papel impermeável e possuía um formato de cone, era vendido preso numa tábua cheia de buracos redondos, que o vendedor carregava pelas ruas tocando o realejo. Tinha também o vendedor de cavaco chinês, uma espécie de biscoito, que vez por outra ainda aparece pelas ruas ao som do triângulo, e finalmente o vendedor de quebra-queixo com sua famosa trova: olha o quebra-queixo da Bahia, perna de velha arranhenta perna de moça macia.

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