quarta-feira, 16 de abril de 2008

A TOSSE BRABA

Antigamente o grande trauma dos pais era com a precária saúde das crianças. Os cuidados pessoais quase sempre ficavam a desejar e poucos observavam como nos dias de hoje. Quando ocorria um surto de piolhos no colégio fatalmente todos pegavam. Doenças como a sarna eram passadas com freqüência, até as doenças tropicais como o sarampo e a papeira tinha seu período de contágio. Dentes estragados não é bom nem falar, pois muitas crianças iam para a escolar sem ao menos escovar os dentes. Felizmente meus pais sempre tiveram o cuidado com a saúde como parte importante para a manutenção de sua vistosa prole.
Eu nasci alérgico e até hoje carrego esse trauma. Quando criança possuía a saúde frágil, todo o ano mal chegava o inverno e as crises chegavam. Num daqueles anos peguei uma terrível gripe que os mais velhos chamavam de “tosse braba", não sei bem se foi coqueluche ou algo assim. Numa daquelas crises Dr. Evandro Mendes passou uma série de remédios, mas nada. Eu não suportava mais, e ouvi as pessoas dizendo: esse menino não vai se criar. Até que Nanam resolveu usar seus métodos caseiros. Foi até a saída da cidade e na beira da estrada colheu raízes e frutos de jurubeba. Chegando em casa fez um lambedor e me ofereceu. Quem poderia engolir algo tão amargo? Nada, não teve jeito. Finalmente ela transformou aquele xarope de fel em balas. Ai sim, mesmo sentindo o gosto desagradável, as balas não revoltavam o estômago e seus efeitos medicinais foram aparecendo. Depois dessa época os invernos se tornaram mais amenos para mim. E fui aprendendo a conviver com as crises.

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