sexta-feira, 2 de maio de 2008

A BARCA DE NATAL

Eu era ainda bem garoto. Na noite de natal gostava de andar nos brinquedos do parque de diversões da feirinha. Como o movimento de pessoas era intenso mal alguém ia saindo à gente tinha que correr para ser o próximo. Eu estava com Santo, meu primo, esperando a barca de Zé Padeiro quando sem prestar atenção fui atingido pelo bico de uma delas, caí desmaiado na hora e fui levado pra casa de Odelite onde acordei sob o olhar apreensivo das pessoas. Após ser tratado pela educada moça, saí assustado imaginando que se minha mãe soubesse daquele incidente não me deixaria ir mais sozinho brincar na feirinha. Com um enorme “galo” na testa, e meio tonto perdi completamente o gosto pelos brinquedos naquela noite, e como não podia voltar para casa tão cedo e ter de mostrar o machucado, chamei Santo para irmos assistir ao filme dos Trapalhões no cine Glória. Naquela época o cinema ficava tão cheio que era necessário fazer várias sessões para atender o desejo das pessoas que vinham do campo para participar dos festejos natalinos. Quando ao final do filme eu ia saindo, de longe meu irmão Deodoro me esperava angustiado e ao me ver foi dizendo que todos me procuravam desde cedo e que nossa mãe estava muito preocupada com o acontecido. Cheguei à casa tremendo de medo, mas fui recebido com os carinhos da velha mãe que cuidou logo do meu ferimento que a essa altura estava pra lá de roxo.

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